domingo, 27 de março de 2011

Gangaji - A busca da felicidade.

"No coração de todo ser humano com quem falo, tenho visto um comando para, de certo modo, encontrar verdadeira felicidade, verdadeira realização. Às vezes esse desejo é até mais forte do que o instinto de sobrevivência. Como você sabe por sua própria experiência, a busca da felicidade pode enveredar por vários caminhos. De maneira instintiva, pode ser uma busca de prazer, conforto, segurança, ou uma busca de alguma posição conhecida na multidão humana.
Geralmente, quando atingimos um determinado nível de sucesso em termos de prazer, conforto, segurança e posição, reconhecemos que nenhuma dessas coisas satisfaz verdadeiramente este comando profundo, este clamor mais profundo por felicidade. Podemos até ter momentos de linda revelação e certamente momentos de prazer, porém, ainda assim, geralmente por baixo de tudo isso está o medo de que nunca venhamos a encontrar paz permanente ou felicidade verdadeira. Ou o medo de perdermos qualquer paz ou felicidade que tenhamos atingido nos  causa tensão e contração já que constantemente procuramos nos apegar. Normalmente sentimos uma profunda desconfiança de que a paz e a felicidade não sejam realmente possíveis.

Às vezes, numa vida abençoada, surge o clamor pela busca espiritual, pela busca de Deus, pela busca da verdade. Reconhecemos que o normal significa “não dê ouvidos a esse comando”. Deixarmos de lado o que chamamos de “vida mundana” e voltamo-nos para uma vida espiritual.

Infelizmente, o mesmo condicionamento que dirigia a vida mundana geralmente tenta dirigir a vida espiritual igualmente e então se torna uma busca de prazer espiritual, conforto espiritual, conhecimento espiritual ou segurança espiritual. Mais cedo ou mais tarde, você terá que se desiludir com essa busca também. Você encontra prazer, obviamente; alcança espaços de êxtase; sente-se seguro quando percebe que Deus ou a verdade está presente e sente-se confortado quando se sente amparado por essa presença. Porém, até reconhecer que jamais esteve separado dela, você será continuamente impelido a encontrá-la nalguma outra parte, a encontrar Deus, baseado na crença ou na esperança de que Deus vá lhe dar felicidade. Esta crença ou esperança fundamenta-se numa compreensão bem infantil do que seja Deus – uma coisa, uma força, um lugar que lhe possam conceder prazer, conforto e segurança eternos.

Descobri que na verdade é impossível encontrar a felicidade. Enquanto estiver buscando encontrar a felicidade “nalgum lugar”, você estará ignorando o que é felicidade. Enquanto estiver procurando encontrar Deus nalgum outro lugar, você estará ignorando a verdade essencial de Deus, que é onipresença. Quando busca encontrar felicidade nalgum outro lugar, você está ignorando a sua verdadeira natureza, que é felicidade. Você está se ignorando.

Eu gostaria de lhe oferecer o convite e o desafio de você parar de se ignorar e simples, radical e absolutamente ficar quieto – deixar de lado, por um momento apenas, todas as suas idéias de onde está Deus, ou de onde está a verdade, ou de onde você está. Pare de olhar para qualquer lugar. Pare de buscar. Simplesmente seja/esteja.
Não estou falando de ficar num estupor ou de entrar em transe, mas de entrar mais fundo no silêncio do seu coração, onde a revelação da onipresença pode revelar-se como a sua verdadeira natureza. Estou lhe pedindo para ficar quieto em pura presença. Não criar isso, nem sequer o convidar, mas simplesmente reconhecer o que está sempre aqui, quem você sempre é, onde Deus sempre está.
Neste momento, por mais que você esteja buscando, pare. Quer esteja buscando paz e felicidade num relacionamento, num trabalho melhor, ou mesmo na paz mundial, apenas por um só momento pare absolutamente. Nada há de errado com essas buscas, mas, se você está engajado nelas para obter paz ou obter felicidade, você está ignorando a base de paz que já está aqui. Uma vez que você descubra esta base de paz, então quaisquer buscas em que você se engaje serão informadas por esta descoberta. Então o que você descobriu, você trará naturalmente para o mundo, para a política, para os seus relacionamentos.

Esta descoberta tem ramificações complexas e infinitas, mas sua essência é muito simples. Se você parar com toda atividade, só por um instante, nem que seja por um décimo de segundo, e simplesmente ficar completamente quieto, reconhecerá a intrínseca amplidão do seu ser, que já é feliz e está em paz consigo mesmo.

Por causa do nosso condicionamento, normalmente desconsideramos esta base de paz com um imediato “Sim, mas e a minha vida? Tenho responsabilidades. Preciso me manter ocupado. O absoluto não se relaciona com o meu mundo, minha existência”. Esses pensamentos condicionados apenas reforçam mais condicionamento. Porém, se você tirar um momento para reconhecer a paz que já está viva dentro de si, então, na verdade, você terá a escolha de confiar em todos os seus empenhos, em todos os seus relacionamentos, em todas as circunstâncias da sua vida. Não significa que a sua vida estará isenta de conflitos, desafios, dores ou sofrimentos. Significa que você terá reconhecido um santuário onde a verdade de você mesmo está presente, onde a verdade de Deus está presente, independentemente das circunstâncias físicas, mentais ou emocionais da sua vida.

Este é um convite para o centro do seu ser. Não se trata de religião ou ausência de religião. Não se trata sequer de iluminação ou ignorância. Trata-se da verdade sobre quem você é, a qual está mais próxima e mais profunda do qualquer coisa que se possa nomear.
A qualquer momento, numa fração de segundo, há a possibilidade de reconhecer a ilimitada, infinita e eterna verdade divina de você mesmo. Diferentes culturas espirituais têm dado nomes diferentes a experiências da verdade. Céu, nirvana, ressurreição, iluminação, satori, samadhi – todos são nomes que apontam para esta beleza divina suprema, inominável, vazia de sofrimento e preenchida pela graça.

O reconhecimento desta verdade – é só disso que trata este livro. Se você não conseguir reter na memória uma só palavra sobre isso, simplesmente perfeito! Meu mestre me dizia que o ensinamento mais verdadeiro é como um pássaro a voar no céu: não deixa rastros que possam ser seguidos, todavia não se pode negar sua presença."


Gangaji
The Diamond In Your Pocket
[O Diamante No Seu Bolso]
Cap. 2

sábado, 26 de março de 2011

Satyaprem - Nobody

As técnicas de meditação propõem fecharmos os olhos para que vejamos algo. O que é esse “algo” que a meditação quer que você veja? Por que você geralmente fecha os olhos? Você só fecha os olhos para não ver.
Eu quero que você veja, então, dentro desse novo contexto, não feche os olhos! Fique de olhos abertos. Veja uma coisa que você pode ver e não importa se seus olhos estão fechados ou abertos.

Participante — Quando fecho os olhos, parada, sozinha, vem uma paz muito grande! É uma paz que vem.

Satya - Ela vem ou já estava aí?

Participante — Ela já estava.

Satya  -  Isso acontece porque você sai da periferia. Você senta, fecha os olhos, e o que vê? Vê que aquela paz está presente. Mas você pode estar de olhos abertos também, veja! Essa paz não está presente agora? Ela está, mas você está tão apegada às coisas que estão acontecendo na periferia, que não nota que a paz está acontecendo. Aliás, não tem nada acontecendo. A paz é paz porque nada acontece. É perfeito! É puro Silêncio. Essa é a Essência do Ser.

O Ser é Silêncio, Paz e Consciência. Os indianos têm uma palavra, Satchitananda, que quer dizer “Verdade, Consciência e Paz”. Você pode observar agora que isso é tudo o que existe, todo o resto é pensamento. O pensamento se processa no tempo. Sem tempo para pensar, você não tem a menor ideia de quem você é. O que estou dizendo apenas aponta para algo. Quero que você olhe estes conceitos e veja o que acontece com você.

Não há quem esteja fazendo, você é um ninguém. Em inglês se diz “nobody”, que podemos traduzir como “no-body”, sem corpo. Você é um “não-corpo”.

Extraido do Blog do Satyaprem.

domingo, 20 de março de 2011

Osho - Desprenda-se do corpo.

Desprenda-se do corpo

Seu corpo não é nada, senão a existência que vem até você, a existência que lhe alcançou. É a existência mais próxima de você, isso é tudo. Seu corpo é somente o canto mais perto dela, e assim toda existência está aí — ela vai se espalhando. Uma vez que seu apego não existe mais, não há nenhum corpo para você; ou toda a existência tornou-se seu corpo. Você está por toda parte.

No corpo, você está em algum lugar; sem o corpo, você está por toda parte. No corpo, você fica confinado a um espaço particular; sem o corpo, você não tem nenhum confinamento. Eis porque aqueles que conheceram dizem que o corpo é um aprisionamento. Não que o corpo seja uma prisão, realmente, o apego a ele é o aprisionamento. Uma vez que seus olhos não estejam mais focalizados no corpo, você está por toda parte.

Sempre quando seu corpo é esquecido, jogado para o lado despercebidamente, inconscientemente, a alegria acontece a você. Através do Tantra e da Yoga você pode fazer isso metodicamente. Então isso não é um acidente; assim você é o mestre dele. Então isso não está acontecendo a você, assim você tem a chave em suas mãos e você pode abrir na hora que quiser. Ou, você pode abrir a porta para sempre e jogar a chave fora, não há necessidade de fechá-la novamente.

Alegria acontece também na vida ordinária, mas você não sabe como isso acontece. O acontecimento é sempre quando você não é o corpo — lembre-se disso. Então sempre quando você novamente sentir algum momento de alegria, fique consciente se nesse momento você é o corpo ou não. Você não será. Sempre quando a alegria é, o corpo não é. Não que o corpo desapareça — o corpo permanece, mas você não está apegado a ele. Você não está apegado a ele, você não está acorrentado a ele. Você pulou fora dele.

Você pode ter pulado fora devido à música, você pode ter pulado fora devido a um lindo nascer do sol, você pode ter pulado fora porque uma criança estava sorrindo, você pode ter pulado fora porque você estava apaixonado. Qualquer que seja a causa, mas você pulou fora por um momento — para fora do corpo. O corpo está aí, mas deixado de lado, você não está apegado a ele. Você pegou um voo.

Através dessa técnica, você sabe que aquele que está em toda parte não pode ser miserável; ele é jubiloso, ele é alegria. Assim quanto mais confinado você fica, mais miserável. Espalhe-se, empurre suas fronteiras para longe, e sempre quando puder, deixe o corpo de lado. Você olha no céu e nuvens estão flutuando: mova-se com as nuvens, deixe o corpo aqui na terra. E a lua está ali: mova-se com a lua. Sempre que puder esqueça do corpo, não perca a oportunidade – vá numa viagem. E então você ficará acostumado com o que significa estar fora do corpo.

Para estar no corpo, sua atenção é necessária para ficar nele. Então lembre-se — onde sua atenção estiver, você está lá. Se sua atenção estiver nas nuvens, você está lá. Se sua atenção estiver na flor, você está lá. Se sua atenção estiver no dinheiro, você está lá. Sua atenção é o seu ser. E se sua atenção não estiver em lugar nenhum, você está em toda parte.

Todo o processo da meditação é ficar em tal estado de consciência onde sua atenção não esteja em lugar nenhum, não há nenhum objeto para ela. Quando não há nenhum objeto para ela, não há nenhum corpo para você. Sua atenção cria o corpo. Sua atenção é seu corpo. E quando a atenção não está em lugar algum, você está por toda parte — júbilo acontece a você. Não é bom dizer que isso acontece a você — você é isso. Isso não pode lhe deixar agora; é o seu próprio ser.

Osho, em "The Book of Secrets"
Extraído de Palavras de Osho

Osho - Origem do mêdo

O medo surge da identificação com o corpo-mente

A consciência, no sentido de percepção, é o que os alquimistas procuravam: o elixir, o néctar, a fórmula mágica que pode ajudar uma pessoa a se tornar imortal.

Na verdade, todas as pessoas são imortais, porém vivemos num corpo mortal e somos tão apegados a ele que daí surge uma identidade. Não há distância para vermos o corpo como algo separado.

Estamos tão imersos no corpo, tão enraizados nele, que começamos a sentir que somos o corpo — e é aí que surge o problema: começamos a temer a morte. Com isso vêm todos os medos, todos os pesadelos.

A percepção cria a distância entre você e seu corpo, deixa você ciente tanto do corpo quanto da mente — pois corpo e mente não são separados. Corpo-mente é uma identidade, a mente está dentro do corpo.

Quando você se torna ciente do complexo corpo-mente, logo percebe que está separado de ambos, e o distanciamento começa a acontecer. É quando você percebe que é imortal, que não é parte do tempo, que é parte do eterno.

Você sabe, então, que não existe nascimento nem morte, que você sempre existiu e sempre existirá. Você já teve muitos corpos porque desejou demais.

Cada desejo traz você de volta ao corpo, porque sem corpo nenhum desejo pode ser realizado. Se alguém é apegado demais à comida, precisa de um corpo. Sem corpo, ninguém pode comer — a alma não ingere comida. Portanto, uma pessoa que é gulosa demais com certeza voltará em outro corpo.

Osho, em "Meditações Para A Noite"
Extraído de Palavras de Osho.

domingo, 13 de março de 2011

Osho - O Mestre Zen e o terremoto





O mestre Zen e o terremoto
Aconteceu que um mestre Zen foi chamado como convidado. Alguns amigos haviam se reunido e estavam comendo e conversando quando, de repente, houve um terremoto. O prédio em que eles estavam era um prédio de sete andares, e eles estavam no sétimo andar, então a vida estava em perigo.

Todo mundo tentou escapar. O anfitrião, correndo, olhou para ver o que tinha acontecido com o mestre. Ele estava ali sem sequer uma ruga de preocupação no rosto. Com os olhos fechados, ele estava sentado em sua cadeira da mesma maneira que estava sentado antes.

O anfitrião sentiu-se um pouco culpado, sentiu-se um pouco covarde; não fica bem que o hóspede fique sentado e o anfitrião fuja. Os outros, os outros vinte hóspedes, já tinham descido as escadas, mas ele parou, embora estivesse tremendo de medo, e se sentou ao lado do mestre.

O terremoto chegou e passou, o mestre abriu os olhos e retomou a palestra que, por causa do terremoto, havia interrompido. Ele continuou novamente, exatamente na mesma frase - como se o terremoto não tivesse acontecido.

O anfitrião estava agora sem vontade de ouvir, não estava com disposição de entender porque todo o seu ser estava muito perturbado e ele estava com muito medo. Mesmo que o terremoto já tivesse ido embora, o medo ainda estava lá.

Ele disse: "Agora não diga nada, porque não serei capaz de compreender, não sou mais o mesmo. O terremoto me perturbou muito. Mas há uma pergunta que eu gostaria de fazer. Todos os outros hóspedes haviam escapado, eu também estava na escada, já quase correndo, quando de repente me lembrei de você. Vendo você aqui sentado com os olhos fechados, sentado tão tranquilo, tão imperturbável, me senti um pouco covarde - sou o anfitrião, eu não deveria correr. Então voltei e estou aqui sentado ao seu lado. Gostaria de fazer uma pergunta. Nós todos tentamos fugir. O que aconteceu a você? O que você me diz sobre o terremoto?"

O mestre disse: "Eu também fugi, mas você fugiu para fora, eu fugi para dentro. Sua fuga é inútil porque para onde quer que você esteja indo lá também há um terremoto, então é sem sentido, não faz sentido. Você pode alcançar o sexto andar ou quinto ou o quarto, mas lá também há um terremoto. Eu fugi para um ponto dentro de mim onde nenhum terremoto jamais chega, não pode chegar. Entrei em meu centro.

Isso é o que Lao Tzu diz: "Agarre-se firmemente ao princípio da Quietude". Se você é passivo, aos poucos vai se tornar consciente do centro dentro de você. Você o tem carregado o tempo todo, ele sempre esteve aí, só que você não sabe, não está alerta.

Uma vez que você fique alerta sobre ele, a vida em sua totalidade se torna diferente. Você pode permanecer no mundo e fora dele porque você está sempre em contato com o seu centro. Você pode passar por um terremoto e permanecer imperturbável porque nada toca você.

No Zen eles têm um ditado que diz que um mestre Zen que tenha alcançado o seu centro interior pode passar por um riacho, mas a água nunca toca seus pés . Isso é belo. Não quer dizer que a água nunca toca seus pés - a água vai tocá-los -, refere-se a algo sobre o mundo interior, o profundo interior. Nada o toca, tudo permanece fora, na periferia, e o centro permanece intocado, puro, inocente, virgem.
Osho, em "Living Tao"
                                                                                            Extraído de Palavras de Osho.

sábado, 5 de março de 2011

Osho - Seja voce mesmo.

Querido Osho,



Quando estou só e leio seus livros ou ouço suas fitas, eu me sinto imensamente feliz, choro e danço sozinho. Mas eu não consigo expressar meus sentimentos na presença dos outros, embora eu queira muito fazer isso. Por favor, diga-me o que fazer.


“Kishor Bharti, este é um dos problemas humanos básicos, porque toda a nossa educação cria uma divisão na nossa própria mente. Você tem que mostrar uma face para a sociedade, para a multidão, para o mundo – ela não precisa ser a sua face verdadeira; na verdade ela não deve ser a sua face verdadeira. Você tem que mostrar a face que as pessoas gostam, que as pessoas apreciam, que seja aceitável para elas – para suas ideologias e suas tradições – e a sua face original, você tem que guardá-la para si mesmo.


Essa divisão o torna muito desconectado porque a maior parte do tempo você está na multidão, encontrando pessoas, se relacionando com pessoas – muito raramente você está só. Naturalmente, as máscaras se tornam muito mais parte de você do que a sua própria natureza.


E a sociedade cria um medo em todo mundo: o medo da rejeição, o medo de que alguém possa rir de você, o medo de perder a respeitabilidade, o medo do que as pessoas dirão. Você tem que se ajustar a todo tipo de pessoas cegas e inconscientes. Até agora, esta tem sido a nossa tradição básica em todo o mundo: não se permite a ninguém ser ele próprio. E é por causa disso que o problema surge – este é um problema de todo mundo.


Você está perguntando, ‘Quando estou só e leio seus livros ou ouço suas fitas, eu me sinto imensamente feliz, choro e danço sozinho. Mas eu não consigo expressar meus sentimentos na presença dos outros, embora eu queira muito fazer isso. Por favor, diga-me o que fazer’


No momento em que o outro está na sua frente, você está pouco preocupado consigo mesmo; você está mais preocupado é com a opinião que ele terá a seu respeito. Quando você está só no seu banheiro, você se torna quase igual a uma criança – algumas vezes você faz caretas diante do espelho. Mas se você de repente percebe que está sendo observado pelo buraco da fechadura, até mesmo por uma criancinha, imediatamente você muda: você volta novamente ao seu velho e comum ego – sério, sóbrio, como as pessoas esperam que você seja.


E a coisa mais incrível é que você tem medo daquelas pessoas e elas têm medo de você – todo mundo tem medo de todo mundo. Não se permite a ninguém seus sentimentos, sua realidade, sua autenticidade – mas todo mundo quer isso, porque é um ato muito suicida continuar reprimindo a sua face original.
Você não está vivendo; ao contrário, você está simplesmente representando. E porque todo mundo está observando, os seus prolongados séculos de inconsciência o puxam para trás: não se expresse, não saia das máscaras de sua personalidade. Todo mundo está se escondendo atrás de alguma coisa falsa – isso machuca.


Ser desonesto e hipócrita consigo mesmo é a pior punição que você pode se dar.
E você não vai fazer algo prejudicial a quem quer que seja – você simplesmente quer chorar e suas lágrimas serão de alegria; você quer dançar e isto não é pecado, nem é crime. Você simplesmente quer compartilhar a sua felicidade – você está sendo generoso. Apesar disso, o medo é de que as pessoas possam não aceitar a sua felicidade. Alguém pode dizer que ela é falsa, que você está apenas representando, podem dizer que você está hipnotizado
 .
Uma coisa estranha é que se você está miserável, ninguém lhe diz coisa alguma, você está perfeitamente encaixado. Mas onde todo mundo é miserável, você fica fora de sintonia com a multidão se, de repente, começar a dançar.

Você quer expressar a sua alegria, mas não é corajoso o suficiente para estar só... Mas, na verdade, quem vai se importar? No máximo, talvez as pessoas pensem que você está um pouco maluco, e uma vez que elas aceitem que você está um pouco maluco, então não há do que ter medo.


O que há de errado em ser chamado de maluco? O mundo tem conhecido tantas pessoas malucas bonitas... Na verdade, todas as grandes pessoas no mundo têm sido um pouco malucas – malucas aos olhos da multidão.
Elas expressaram suas maluquices porque elas não eram miseráveis, eles não estavam na ansiedade, não tinham medo da morte, não se preocupavam com trivialidades. Elas estavam vivendo cada momento com totalidade e intensidade, e por causa dessa totalidade e intensidade, suas vidas se tornaram lindas flores – cheias de fragrância, amor, vida e riso.



Mas isto certamente machuca milhões de pessoas que estão ao seu redor. Elas não podem aceitar a idéia de que você alcançou alguma coisa que elas perderam. Elas tentarão de toda maneira tornar você miserável, para destruir a sua dança, para tirar a sua alegria – de modo que você possa voltar novamente ao rebanho.


É preciso reunir coragem. E se as pessoas disserem que você está maluco, curta a idéia. Diga a elas, ‘Vocês estão certos; neste mundo somente as pessoas malucas podem ser felizes e alegres. Eu escolhi a loucura com alegria, com felicidade, com dança; vocês têm escolhido a sanidade com miséria, angústia e inferno – nossas escolhas são diferentes. Seja são e permaneça miserável; mas deixe-me só na minha loucura. Não se sintam ofendidos; eu não estou me sentindo ofendido por vocês – tantas pessoas sãs no mundo e eu não estou me sentindo ofendido.’


Isto é apenas uma questão de pouco tempo. Uma vez que eles o aceitem como sendo maluco, logo deixarão de se procupar com você; então você poderá entrar na luz completa com seu ser original – você pode abandonar todas as suas falsidades.


OSHO - The Hidden Splendor - Cap. 15(parte)
Tradução: Sw. Bodhi Champak

Acesse este link para ouvir uma música  que fala sobre isto : Balada de um louco
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...