A Intenção não é comentar como fiz na primeira parte, mas através do grifo destacar a grande mensagem do texto.
Página 95
Página 95
Mack ficou chocado diante da cena. Jesus deixara cair uma grande tigela com algum tipo de massa ou molho no chão, e a coisa tinha se espalhado por toda parte. A barra da saia de Papai e seus pés descalços estavam cobertos pela massa gosmenta. Sarayu disse alguma coisa sobre a falta de jeito dos humanos e os três caíram na risada. Por fim, Jesus passou por Mack e voltou com toalhas e uma grande bacia de água. Sarayu já estava começando a limpar a sujeira do chão e dos armários, mas Jesus foi direto até Papai e, ajoelhando-se aos pés dela, começou a limpar a frente de seu vestido. Gentilmente levantou um pé de cada vez e colocou os dois na bacia, onde os limpou e massageou.
- Uuuuuh, isso é tãããão bom! - exclamou Papai.
Encostado no portal, Mack não parava de pensar. Então Deus era assim no relacionamento? Muito linda e atraente! Ele sabia que ninguém estava em busca do culpado pela sujeira do chão, pela tigela quebrada ou por um prato que não seria compartilhado. Era óbvio que o que realmente importava era o amor que eles sentiam uns pelos outros e a plenitude que esse amor lhes trazia. Balançou a cabeça. Como isso era diferente da maneira como ele tratava seus entes queridos!
______________________________________________________________________
Página 111
- Mackenzie, não existe conceito de autoridade superior entre nós, apenas de unidade. Estamos num círculo de relacionamento e não numa cadeia de comando. O que você está vendo aqui é um relacionamento sem qualquer camada de poder. Não precisamos exercer poder um sobre o outro porque sempre estamos procurando o melhor. A hierarquia não faria sentido entre nós. Na verdade, isso é um problema de vocês, não nosso.
- Verdade? Como assim?
- Os humanos estão tão perdidos e estragados que para vocês é quase incompreensível que as pessoas possam trabalhar ou viver juntas sem que alguém esteja no comando.
- Mas qualquer instituição humana, desde as políticas até as empresariais, até mesmo o casamento, é governada por esse tipo de pensamento.
É a trama do nosso tecido social - declarou Mack.
- Que desperdício! - disse Papai, pegando o prato vazio e indo para a cozinha.
- Esse é um dos motivos pelos quais é tão difícil para vocês experimentar o verdadeiro relacionamento - acrescentou Jesus. - Assim que montam uma hierarquia, vocês precisam de regras para protegê-la e administrá-la, e então precisam de leis e da aplicação das leis, e acabam criando algum tipo de cadeia de comando que destrói o relacionamento, em vez de promovê-lo. Raramente vocês vivem o relacionamento fora do poder. A hierarquia impõe leis e regras e vocês acabam perdendo a maravilha do relacionamento que nós pretendemos para vocês.
- Bom - disse Mack com sarcasmo, recostando-se na cadeira. - Certamente parece que nos adaptamos muito bem a isso.
Sarayu foi rápida em responder:
- Não confunda adaptação com intenção, ou sedução com realidade.
- Então... ah, por favor, poderia me passar mais um pouco dessa verdura? ... Então nós fomos seduzidos por essa preocupação com a autoridade?
- De certo modo, sim! - respondeu Papai, passando o prato de verduras para Mack com uma certa relutância. - Só estou cuidando de você, filho.
Sarayu continuou:
- Quando vocês escolhem a independência nos relacionamentos tornam-se perigosos uns para os outros. As pessoas se tornam objetos a serem manipulados ou administrados para a felicidade de alguém. A autoridade, como vocês geralmente pensam nela, é meramente a desculpa que o forte usa para fazer com que os outros se sujeitem ao que ele quer.
- Ela não é útil para impedir que as pessoas lutem interminavelmente ou se machuquem?
- Às vezes. Mas num mundo egoísta também é usada para infligir grandes danos.
- Mas vocês não a usam para conter o mal?
- Nós respeitamos cuidadosamente as suas escolhas e por isso trabalhamos dentro dos seus sistemas, ao mesmo tempo que procuramos libertá-los deles - continuou Papai. - A Criação foi levada por um caminho muito diferente daquele que desejávamos. Em seu mundo, o valor do indivíduo é constantemente medido em comparação com a sobrevivência do sistema, seja ele político, econômico, social ou religioso; na verdade, de qualquer sistema. Primeiro uma pessoa, depois umas poucas e finalmente muitas são facilmente sacrificadas pelo bem e pela permanência do sistema. De uma forma ou de outra, isso está por trás de cada luta pelo poder, de cada preconceito, de cada guerra e de cada abuso de relacionamento. A "vontade de poder e independência" se tornou tão disseminada que agora é considerada normal.
- E não é?
- É o paradigma humano - acrescentou Papai, após retornar com mais comida. – É como água para os peixes, tão natural que permanece sem ser vista e questionada. É a matriz, uma trama diabólica em que vocês estão presos sem esperança, mesmo que completamente inconscientes da sua existência.
Jesus continuou:
- Como glória máxima da Criação, vocês foram feitos à nossa imagem. Se realmente tivessem aprendido a considerar que as preocupações dos outros têm tanto valor quanto as suas, não haveria necessidade de hierarquia.
Mack se recostou na cadeira, perplexo com as implicações do que ouvia.
- Então vocês estão me dizendo que sempre que nós, humanos, usamos o poder para nos proteger...
- Estão cedendo à matriz e não a nós - terminou Jesus:
E agora - exclamou Sarayu - completamos o círculo, voltando a uma das minhas declarações iniciais: vocês, humanos, estão tão perdidos e estragados que não conseguem compreender um relacionamento sem hierarquia. Por isso acham que Deus se relaciona dentro de uma hierarquia, tal como vocês. Mas não somos assim.
______________________________________________________________________
Página 121
- Antes você estava falando que os humanos declaram que as coisas são boas ou ruins sem conhecer? - perguntou Mack, sacudindo a terra de uma raiz.
- É. Estava falando especificamente da árvore do conhecimento do bem e do mal.
- A árvore do conhecimento do bem e do mal?
- Exato! - declarou ela. - E agora, Mackenzie, você está começando a entender por que comer o fruto mortal daquela árvore foi tão devastador para a sua raça.
- Na verdade eu nunca havia pensado muito nisso - disse Mack, intrigado. – Então houve um jardim de verdade? Quer dizer, o Éden?
- Claro. Eu lhe disse que tenho uma queda por jardins.
- Isso vai incomodar algumas pessoas. Tenho alguns amigos que não vão gostar disso - observou Mack, enquanto lutava com uma raiz teimosa.
- Não faz mal. Eu gosto muito deles.
Estou surpreso - disse Mack com um certo sarcasmo e sorriu para ela. Cravou a pá na terra, pegando com a mão a raiz que estava por cima. - Então fale da árvore do conhecimento do bem e do mal.
- É disso que estávamos falando no café da manhã. Primeiro quero fazer uma pergunta a você. Quando algo lhe acontece, como você determina se é uma coisa boa ou ruim?
Mack pensou um momento antes de responder. - Bom, na verdade nunca pensei nisso. Acho que eu diria que algo é bom quando eu gosto, quando faz com que eu me sinta bem ou me dá um sentimento de segurança. Por outro lado, eu diria que uma coisa é ruim se me causa dor ou custa algo que eu quero.
- Então é bastante subjetivo?
- Acho que sim.
- E até que ponto você confia em sua capacidade de discernir o que é bom ou o que é
ruim para você?
- Para ser honesto, acho que tenho razão de ficar com raiva quando alguém ameaça o
que eu considero "bom", o que eu acho que mereço. Mas não sei realmente se existe algum fundamento lógico para decidir o que é bom ou ruim, a não ser o modo como algo ou alguém me afeta. - Ele parou para descansar e recuperar o fôlego. - Tudo parece relacionado comigo e com meus interesses, acho. E minha ficha também não é das melhores. Algumas coisas que eu inicialmente achava boas acabaram sendo terrivelmente destrutivas, e outras que eu achava ruins, bem, acabaram sendo...Ele hesitou antes de finalizar o pensamento, mas Sarayu o interrompeu.
- Então é você que determina o que é bom e o que é ruim. Você se torna o juiz. E, para tornar as coisas ainda mais confusas, aquilo que você determina que é bom acaba mudando com o tempo e as circunstâncias. E, pior ainda, há bilhões de vocês, cada um determinando o que é bom e o que é ruim. Assim, quando o seu bom e o seu ruim se chocam com os do vizinho, seguem-se brigas, discussões e até guerras.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Página 123
- Agora posso ver - confessou - que gastei a maior parte do meu tempo e da minha
energia tentando adquirir o que eu achava que era bom, como a segurança financeira, a saúde, a aposentadoria, ou sei lá o quê. E gastei uma quantidade gigantesca de energia e preocupação temendo o que determinei que era mau. - Mack deu um suspiro fundo.
- Quanta verdade há nisso! - disse Sarayu com gentileza. - Lembre-se. Isso permite que vocês brinquem de Deus em sua independência. Por essa razão, uma parte de vocês prefere não me ver. E vocês não precisam de mim para criar sua lista do que é bom e ruim. Mas precisam de mim se tiverem qualquer desejo de parar com essa ânsia tão insana de independência.
- Então há algum modo de consertar?
- Você deve desistir de seu direito de decidir o que é bom e ruim e escolher viver
apenas em mim. É um comprimido difícil de engolir. Para isso você deve me conhecer o bastante, a ponto de confiar em mim e aprender a se entregar à minha bondade inerente.
Mack teve a impressão de que Sarayu se virou para ele.
- Mackenzie, o mal é uma palavra que usamos para descrever a ausência de Deus,
assim como usamos a palavra escuridão para descrever a ausência de Luz, ou morte para descrever a ausência de Vida. Tanto o mal quanto a escuridão só podem ser entendidos em relação à Luz e ao Bem. Eles não têm existência real. Eu sou a Luz e eu sou o Bem. Sou Amor e não há escuridão em mim. A Luz e o Bem existem realmente. Assim, afastar-se de mim irá mergulhar você na escuridão. Declarar independência resultará no mal, porque, separado de mim, você só pode contar consigo mesmo. Isso é morte, porque você se separou de mim, que sou a Vida.
- Uau! - exclamou Mack, sentando-se por um momento. - Isso realmente ajuda. Mas também posso ver que abrir mão dos meus direitos de independência não será um processo fácil. Poderia significar que...
Sarayu interrompeu a frase dele outra vez.
- ... que de alguma forma o bem pode ser a presença do câncer ou a perda de ganhos financeiros, ou mesmo de uma vida.
Um comentário:
Este livro mostra através de diálogos simples grandes verdades que os Mestres tem dito. Realcei com negrito nestes textos partes do diálogo que devemos fazer uma reflexão.
Postar um comentário