segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Os sete vales - Quinto Vale


  O Quinto Vale...o vale trovejante.

        No quinto vale você entra na morte. No quarto vale você entrou no sono, na escuridão; no quinto você entra na morte. Ou, se você gostar de usar terminologia moderna, no quarto você entra no inconsciente pessoal, no quinto você entra no inconsciente coletivo. Surge um grande medo porque você está perdendo a sua individualidade.
        No quarto você estava perdendo luz, dia, mas você existia. No quinto você está se perdendo - você não sente como se existisse, você está se dispersando, você está se fundindo. Seu sentimento de que "eu sou um centro" começa a se tornar vago, enevoado.
        Com a entrada na morte, com a entrada no inconsciente coletivo surge um grande medo, grande angústia é sentida - a maior angústia que você jamais sentiu - porque surge a questão: ser ou não ser? Você está desaparecendo, todo o seu ser desejará ser. Você gostaria de voltar ao quarto vale. Era escuro, mas pelo menos era bom - você existia lá. Agora, a escuridão se tornou mais densa. Não apenas isso, você está desaparecendo dentro dela. Logo, nenhum traço seu existirá.
        A parte negativa é agarrar-se ao ser. É por isso que grandes professores - Buda ou Jalaludin Rumi - insistiam: - "Lembre-se, não-ser, "anatta". Os sufis o chamavam de fana - desaparece-se. E podemos estar preparados para este desaparecimento, podemos estar prontos - não apenas prontos mas muito receptivos. Isso trará grande alegria , porque toda a sua miséria está contida no seu ego. A própria idéia de que "Eu sou" cria todos os tipos de ansiedade e problemas para você. O ego é o inferno.
        Jean Paul Sartre disse: "O inferno são os outros". Isso não é verdade. O inferno é você, o inferno é o ego! Se os outros parecem o inferno, eles parecem o inferno também por causa do ego - porque eles machucam continuamente. Eles vão apertando os seus botões. Porque você tem esta ferida do ego, todos parecem machucar você. É apenas sua a idéia de que 'Eu sou especial' e quando alguém não o reconhece, isso provoca dor. Quando você não tem nenhuma idéia de ser especial - o que o povo zen chama de "tornar-se comum" - se você se torna comum, então este vale pode ser cruzado. Se você se torna ninguém, então este vale pode ser facilmente cruzado.
        Então, a parte negativa é agarrar-se ao ser e a parte positiva é relaxar no não-ser, dentro do nada - estando pronto para morrer, desejosamente, alegremente, voluntariamente.
      

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