domingo, 24 de outubro de 2010

Osho - A busca do homem

Querido Osho.
O que eu estou procurando?

"Jeva Parmita, o homem é uma busca do self (*), não de um self, mas do self. O homem está constantemente procurando o paraíso perdido. Em algum lugar profundo nos nichos de seres humanos, a nostalgia persiste. Nós conhecemos alguma coisa que é apenas uma memória longínqua. A memória nem mesmo está consciente. Nós perdemos todas as trilhas dela, até onde ela está. Mas a fragrância continua surgindo.
Conseqüentemente, a religião não é um fenômeno acidental. Ela não vai desaparecer do mundo; nenhum comunismo e nenhum fascismo conseguem fazê-la desaparecer. A religião vai permanecer, porque ela é muito essencial. A não ser que o homem supere a humanidade, a não ser que o homem se torne um Buda, a religião permanece relevante. Somente para um Buda a religião é irrelevante. Ele já chegou; agora não há necessidade de qualquer busca.


Parmita, não há diferentes buscas por seres humanos diferentes. A busca é singular, ela é única, ela é universal. A busca é do self, o supremo self. A pessoa quer saber 'Quem eu sou?' porque tudo o mais é secundário. Sem conhecer a si mesmo, tudo o que for feito é sem sentido. A não ser que eu conheça exatamente quem eu sou, toda a minha vida vai permanecer inútil. Ela não irá trazer realização, florescimento e satisfação.
O primeiro passo tem que ser o auto-conhecimento. Mas o paradoxo é que se você começa buscando por um self, você irá perder o self. Por 'um' self eu quero dizer o ego, o processo do ego. Esse é o falso self. Para nos consolarmos, começamos a criar o falso, uma vez que não conseguimos encontrar o verdadeiro. Ele é um substituto. Mas o substituto nunca pode tornar-se a verdade, e o substituto torna-se uma escravidão.
A verdade liberta. Substitutos da verdade aprisionam. O ego é a maior prisão que o homem já inventou; todos vocês estão se sentindo sufocados, esmagados. Não é que alguém esteja fazendo isso com você. Você é quem está fazendo isso. Você deu um passo errado. Em vez de buscar por aquilo que é, você começou substituindo algo por um brinquedo, por uma coisa falsa. Isso pode ser um consolo para você, mas não trará celebração para a sua vida. E todo consolo é suicida, porque enquanto você permanece consolado, o tempo vai escapando de suas mãos.

O self não é um self. O self é exatamente um não-self. Não há qualquer idéia de 'Eu' nele, ele é universal. Todas as idéias surgem nele, mas ele não pode ser identificado com qualquer idéia que surja nele. Todas as idéias surgem nele, todas as idéias dissolvem-se nele. Ele é o céu, o contexto de todos os contextos, ele é o espaço no qual tudo acontece. Mas o espaço em si nunca acontece, ele habita, ele está sempre ali, e porque ele está sempre ali, é fácil perdê-lo. Porque ele está muito ali e sempre ali, você nunca se torna consciente de sua presença.

Ele é como o ar: você não se torna consciente de sua presença. Ele é como o oceano que circunda o peixe; o peixe nunca se torna consciente dele. É como a pressão do ar: a pressão é tanta, ela está sempre ali, mas você não é consciente dela. É como a terra apressada em grande velocidade ao redor do sol: a terra é uma nave espacial, mas ninguém está consciente disso. Nós estamos a bordo de uma nave espacial, e ela está indo em grande velocidade. E nós não estamos conscientes disso.
Consciência precisa de algumas falhas. Quando não há qualquer falha, você cai no sono; você não consegue permanecer consciente.
Se uma pessoa está sempre saudável, ela não estará consciente da saúde. Consciência precisa de falhas, algumas vezes você deve estar não saudável.Você deve adoecer, então você poderá ter a sensação de saúde. Se não existisse escuridão no mundo e existisse somente luz, ninguém jamais teria conhecido a luz, as pessoas nem a teriam percebido.
É assim que nós seguimos sem perceber o self original; você pode chamá-lo de Deus ou nirvana, isso não importa.Os sufis têm duas belas palavras. Uma é fana: fana significa dissolvendo o ego, dissolvendo o falso substituto. E a outra palavra é baqa: baqa significa a chegada, o surgimento do self verdadeiro.
O verdadeiro self é universal. Como encontrá-lo? Ele não está longe, assim você não tem que fazer uma longa jornada até ele. Ele está tão próximo que nenhuma jornada é necessária, absolutamente. Em vez de jornada, você tem que aprender como sentar-se silenciosamente.

Isso é tudo a respeito de meditação: simplesmente sentar-se silenciosamente, nada fazendo. Os pensamentos surgem, você observa. Os desejos surgem, você observa. Mas você permanece o observador. Você não se torna uma vítima dos desejos e dos pensamentos que vão surgindo; você permanece o observador. Você permanece o contexto de todos os contextos, você permanece o espaço no qual tudo aparece. Mas o espaço nunca aparece nele mesmo, ele não consegue, é impossível.
O espelho não consegue refletir a si mesmo. Os olhos não conseguem ver a si mesmos. Você não consegue segurar uma mão com a mesma mão, é impossível.
Essa é a coisa mais fundamental a ser lembrada, Parmita. Você é o observador e nunca o observado; você é o vigilante e nunca o vigiado; você é a testemunha e nunca o testemunhado. Você é pura subjetividade. Você nunca aparece como um objeto. Como você pode aparecer como um objeto diante de si mesmo? Qualquer coisa que aparecer em frente a você não é você.
Continue eliminando os conteúdos. Continue dizendo 'neti neti, eu não sou isso, eu não sou isso.' Continue eliminando, e um momento chegará em que nada permanecerá para ser eliminado.Haverá puro silêncio, nenhum conteúdo se movendo diante de você, o espelho refletindo nada. Este é o momento em que o auto-conhecimento surge em você. Você se torna cheio de luz, você está iluminado.



OSHO - Unio Mystica - Discurso 2 - pergunta 1(parte)

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