quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Osho - Palavras de Ashtavakra


Você não é terra, nem ar, nem fogo, nem água, nem éter. Para alcançar a libertação, conheça a si mesmo como consciência de todas essas coisas, testemunhando.

         Esta declaração é tão imediata, nem sequer tem uma introdução. Ashtavakra proferiu duas sentenças diretas e chegou à meditação. Ele começou a falar sobre samadhi, sobre meditação profunda. Aquele que sabe só dispõe do samadhi para compartilhar. Primeiro ele disse duas sentenças porque se ele tivesse começado imediatamente a falar sobre samadhi, talvez você ficasse assustado demais para entender. Por isso as duas sentenças e, imediatamente após, ele já está falando sobre samadhi.
         Ashtavakra nem mesmo dá os sete passos. Buda deu sete passos e no oitavo, o samadhi. Ashtavakra nos traz o samadhi já no primeiro passo.

Você não é terra, nem ar, nem fogo, nem água, nem éter..

         Permita-se relaxar nesta verdade...

Para alcançar a libertação, conheça a si mesmo como consciência de todas essas coisas, testemunhando.

         A testemunha é a chave. Não existe chave alguma mais valiosa que esta.
         Seja o observador. O que acontecer, deixe que aconteça. Não há qualquer necessidade de interferir. O corpo é composto por terra, ar, fogo, água e éter. Você é a lâmpada interna pela qual tudo isso – terra, ar, fogo, água e éter – são iluminados. Você é o observador. Entre profundamente nisto.

... conheça a si mesmo como consciência de todas essas coisas, testemunhando.

         Este é o mais importante sutra na existência. Seja uma testemunha. A sabedoria acontecerá através disto. O desapego acontecerá através disto. A libertação acontecerá através disto. As perguntas eram três, mas a resposta é uma.

Se você puder separar-se do corpo físico e descansar em consciência, então neste exato momento você será feliz, em paz e livre da escravidão.

         ...Neste exato momento! É por isto que eu digo que isto é uma revolução desde a raiz. Patanjali não é tão corajoso para dizer, ‘Neste exato momento.’ Patanjali diz, ‘Pratique disciplina interna e externa. Pratique o controle da respiração, volte-se para dentro e posturas de yoga. Purifique-se. Isto levará inumeráveis vidas, e depois a iluminação. ..’
         Mahavira diz, ‘Pratique os cinco grandes votos. E quando inumeráveis vidas tiverem passado, o descondicionamento acontecerá, a purificação acontecerá. Então os vínculos do karma serão cortados.’
         Ouça Ashtavakra:
 Se você puder separar-se do corpo físico e descansar em consciência, então neste exato momento você será feliz, em paz e livre da escravidão.

         Exatamente aqui, exatamente agora, neste exato momento, Se você puder separar-se do corpo físico e descansar na consciência... Se você começar a ver o fato,  .’Eu não sou o corpo, eu não sou o fazedor nem o que desfruta a vida: sou aquele escondido dentro de mim que vê tudo... Quando a infância veio, ele viu a infância; quando a juventude veio, ele viu a juventude; quando a velhice veio, ele viu a velhice. A infância não permaneceu, assim eu não posso ser a infância. Ela veio e passou, e ainda estou. A juventude não permaneceu, assim eu não posso ser a juventude. Ela veio e passou, e ainda estou. A velhice veio e está indo, assim eu não posso ser a velhice.. Como eu posso ser aquilo que vem e vai? Eu estou sempre. Aquele a quem a infância vem, a quem a juventude vem, a quem a velhice vem... a quem milhares de coisas vieram e se foram. Eu sou aquele eterno, perpétuo.’
         Como as estações de trem, elas seguem mudando: infância, juventude, velhice, nascimento. O viajante continua se movimentando. Você nunca pensa que se tornou um com as estações de trem. Vindo à estação de Puna, você não pensa que você é Puna. Quando você alcança Manmad você não pensa que você é Manmad. Você sabe que Puna chegou e ficou para trás.Manmad chegou e ficou para trás. Você é um viajante. Você é o observador que viu Puna; Puna chegou e ficou para trás; que viu Manmad, Manmad chegou e ficou para trás. Você é aquele que vê.
         A primeira coisa: separe o que está acontecendo do observador.

... separe a si mesmo do corpo físico e descanse em consciência...

         Nada mais há de valor a se fazer.

         Assim como a chave do sutra de Lao Tzu é a entrega, a chave do sutra de Ashtavakra é o descanso, o relaxamento. Nada há para se fazer.
         As pessoas vêm a mim e perguntam como meditar. A própria pergunta está errada. Eles formulam uma pergunta errada, por isto eu digo a eles para fazer tal coisa. O que eu devo fazer? Eu digo a eles, ‘façam – uma coisa ou outra tem que ser feita.’ Você está coçando para fazer alguma coisa e essa coceira tem que ser satisfeita. Se ela coça, o que fazer? Ela não pode ficar sem ser coçada. Mas, pouco a pouco, só por mantê-los ocupados fazendo algo, eu os faço ficarem cansados. Então eles dizem, ‘Alivie-nos disto. Por quanto tempo nós continuaremos a fazer isto?’ Eu digo, ‘Eu estava pronto desde o início para lhes dizer, mas vocês precisavam de tempo para entender. Agora, relaxem!’

         O significado final da meditação é descansar.
         ... Descanse em consciência... Aquele que deixa sua consciência estar relaxada, aquele que descansa apenas em ser... Nada há para se fazer, porque você já tem tudo aquilo que está buscando, porque você nunca perdeu aquilo que está buscando. Não é possível perder, porque aquilo é a sua natureza. Você é o divino. Ana’l haq – você é a verdade. Que lugar você está procurando, para onde você está correndo? Em busca de si mesmo, para onde você está correndo? Pare. Relaxe. O divino não é alcançado através da corrida, porque ele está escondido dentro daquele que corre. O divino não é alcançado por se fazer alguma coisa, porque ele está escondido dentro daquele que faz. Para experienciar o divino, nada precisa ser feito; você é ele.
         Então Ashtavakra diz: ... descanse em consciência... Relaxe, deixe-se desligar. Deixe ir essa tensão. Para onde você está indo? Não há lugar algum para ir, não há lugar algum para ser alcançado...  e descanse em consciência... agora ...neste exato momento você será feliz, em paz e livre da escravidão. A declaração é sem igual. Nenhuma outra escritura é comparável a isto.

Você não é um brâmane ou outra casta, você não está em qualquer um dos quatro estágios da vida, você não é percebido pelos olhos nem pelos outros sentidos. Desapegado e sem forma, você é a testemunha de todo o universo. Saiba isto e seja feliz.
OSHO – Enlightenment: The Only Revolution- Cap. 1(parte)
                                                            

3 comentários:

Champa disse...

Osho é sempre encantador ao nos falar!
Uma chave como esta, tão bem explicada, é só "pegar" e ser feliz!

Champa disse...

Neste trecho,Osho diz: ‘Eu estava pronto desde o início para lhes dizer, mas vocês precisavam de tempo para entender. Agora, relaxem!’Fique alerta, se vc ainda precisa de tempo para entender, é normal.E não deixe de questionar, pergunte o que não sabe, só assim ficarás sabendo!
Namastê!

Unknown disse...

É tão difícil perguntar. Perguntar o que ? Nós não sabemos nada, não entendemos nada. Mas contiuamos fazendo que estamos entendendo.
A ilusão é tão grande que em momento algum questionamos alguma coisa.
Tenho percebido que diversas pessoas tem acessado do Blog, mas ninguém pergunta nada.
Não acredito que a maioria sabe o que tenho grifado.
Por isso Osho pedia as díscipulos que fizessem grupos, depois técnicas de meditação, pois não havia qualquer compreensão. O sono é muito grande.
Valeu. Grato por voce postar seus comentários.

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